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QUEM ESTÁ ESTACIONADO: SUA MOTO OU SEUS SONHOS?


Uratai Branco (M. C. Ceifeiros da Meia Noite)

Cabelos encanecidos. Muita vivência. Olhos que contemplaram parte da história recente. Recente? Que seja. Para algumas pessoas é mais fácil, para outros difícil aceitar o tempo e seus efeitos. Lembro o dia que estava no transporte coletivo e pela primeira vez uma jovem ofereceu-me o lugar. Entendi o óbvio: a idade chegou, e com ela bônus e ônus.

Difícil encontrar algum dos meus contemporâneos que possuiu uma só moto na vida e não tenha muitas histórias apaixonadas, ousadia em aventuras, dormir acampado ao lado da moto, estradas proibidas, chuva, lama, poeira, peças que saltaram em estradas traiçoeiras, gambiarras realizadas com canivete, arame e “silver tape”, estilo MacGyver, enfim, temas de muitas crônicas.

Cada moto uma história, contadas repetidas vezes nas rodas de café, rolês e reuniões nos Motoclubes, afinal, todos temos grandes enroscos ou conquistas para parolar!

Num desses dias estava trabalhando em Castro, “cidade mãe do Paraná” e precisei de assessoria na prefeitura. Contornando o Palácio do Iapó, lembrei das origens tropeiras daquele chão, primeiro município do estado; parte preciosa da história do Brasil. Enquanto imaginava as comitivas passando com seus animais albardados, vi solitária, estacionada, uma Kawasaki Versys, naquele verde característico da marca. Como um cavalo tropeiro descansando. Para aqueles que amam as motos, impossível não admirar esta trail valente, famosa pela mecânica “oversized”.

Estando no pavimento superior do prédio histórico, bem construído, amplo e envidraçado, conversava com Felipe, um expert em urbanismo. Muito mais novo que eu, dinâmico e competente, desvendava mapas de quadras e lotes da cidade. Em sua mesa ao lado da janela, duas telas e sob elas uma foto de viagem do casal. 

Como sempre acontece entre os entusiastas, o assunto moto pingou na conversa. Disse ele que a foto era de um rolê de moto em Florianópolis. Perguntei com qual estava rodando, então apontou para a rua. Estava estacionada ao alcance cuidadoso dos seus olhos: a Kawasaki Versys.

Claro que rendeu em histórias intercaladas ao trabalho burocrático que desenvolvemos. Dá para tocar no entusiasmo e apreciar os planos de novas viagens daqueles que se apaixonaram pelas motos.

Na juventude, o tempo e o dinheiro são contados, praticamente os únicos empecilhos para aventuras. Todos trabalhando “a todo vapor” (expressão idiomática de velhos!) e ainda não remunerados como merecem. Chegarão lá, certamente.

Chegarão também os dias em que esse irmão da estrada terá muitas histórias (e talvez algumas cicatrizes…), terá o recurso e tempo que precisa e prenderá a atenção de muitos nas reuniões de amigos.

Só não podemos nos distrair, esperando o momento ideal ou colocando coisas acima das pessoas e o “ter” acima do “ser”. E se quisermos o melhor da vida, melhor estarmos sensíveis aos conselhos do Criador:

“Pois toda a humanidade é como a relva e toda a sua glória como a flor da relva; a relva murcha e cai sua flor, mas a palavra do Senhor permanece para sempre”. 

(1 Pedro 1.23 NVI)

E ainda:

“Se quiserdes e me ouvirdes, comereis o melhor desta terra.” (Isaías 1.19 ARA)

Bora rodar agora?

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